Antonio Israel Bruno

Eu choro tua partida e a minha quem chorou?A tua marcou-me a vida,a minha de quem marcou?

Textos



MOURÃO DA PORTEIRA

 

Ainda longe escutava no mourão a batida da porteira,

Que  pelos anos carcomida ,já velha e esbranquiçada

Tornara a cor da madeira que quando bruta lisonjeira

De  saudosa lisonjeada a madeira, quando foi lavrada!

 

Nas travas a que tem os quatro cantos ,lindo trabalho!

Que a toda marceneiro admiro o trato que é–lhe dado,

sem ter parafuso firma,preso com cavaco ou  ramalho,

De que mais se  prende uma a  outra,quando molhado

 

Madeira que entra na outra justa, mas que sem aperto,

Dominando as intempéries todas,pousando ao ar livre;

ensina laboriosamente aos que a descasam, transverto,

Quando retirada vida do arbusto em que tanto se prive!

 

Quando dos tempos idos; Ah porteira quem carregou,

Sem carrinho,sem brinquedos e  nela o tempo trepado,

Um abria-a até o fim do espaço então soltava,passeou,

Vez à abrir o outro já estava em cima à ser empurrado!

 

Agora ,das salgadas pérolas que me enchem já as rugas

O meu sentir a tristeza faz única, a saudade me castiga,

Das valetas cheias é que Deus na paixão me as enxuga;

Na porteira que bate, neste coração tão sentido: fadiga!

 

 

Barrinha,15 de outubro de 2008  20:22

antonioisraelbruno
Enviado por antonioisraelbruno em 15/10/2008
Alterado em 16/10/2008
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